Há quatro formas de diabetes: tipo 1 ou imunomediado, tipo 2, diabetes gestacional e por outras causas específicas (defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas e outras endocrinopatias). Em cada 100 diabéticos, 95 são do tipo 2. Este é mais comum acima dos 40 anos, porém há um aumento na incidência de diabetes tipo 2 entre os adolescentes e jovens, principalmente em decorrência do aumento da obesidade nestes grupos. Estudos mostram que 25% das crianças e 21% dos adolescentes com obesidade severa têm intolerância à glicose.
Estima-se que dez milhões de brasileiros são portadores de diabetes, metade destes não sabe que está doente. Cinco milhões de brasileiros tem intolerância à glicose, ou seja uma condição em que o organismo tem dificuldade para metabolizar a glicose (açúcar), porém ela ainda não é considerada diabética. Estas pessoas poderiam se beneficiar de medidas preventivas para o controle da doença ou mesmo evitar o seu estabelecimento.
Em um grande estudo sobre o diabetes a redução de 5 a 7% do peso através de alimentação com pequeno teor de gordura e atividade física durante 30 minutos por dia cinco dias por semana reduziu em quase 60% a incidência de diabetes em pacientes que já apresentavam intolerância à glicose ( pré-diabetes).
A doença associa-se fortemente ao excesso de peso, inatividade física e história familiar. Mais de 80% dos diabéticos tipo 2 apresentam sobrepeso. Nas pessoas obesas o risco de diabetes é cinco vezes maior que naquelas com peso normal.
O diabetes é o maior responsável por insuficiência renal crônica, amputação de membros e perda da visão em adultos, sendo ainda uma das mais importantes causadoras de doença cardíaca e vascular cerebral, como o infarto e o “derrame”. Quando o diagnóstico de intolerância à glicose é estabelecido, sabe-se que o risco de desenvolver doença cardiovascular é multiplicado por dois em comparação aos indivíduos com glicemia normal. No portador de diabetes, esse risco cardiovascular pode ser até cinco vezes maior.
Os avanços no conhecimento da doença, novos medicamentos, melhores métodos para utilização da insulina e monitorização da glicemia trouxeram melhoria à qualidade de vida do portador de diabetes. Entretanto, as limitações no estilo de vida, os mitos e preconceitos, a falta de conhecimento sobre a importância do bom controle da glicemia, o desgaste psicológico decorrente da responsabilidade de controlar os efeitos da doença e o receio das complicações, dificulta o dia-a-dia do portador de diabetes.
Para se proteger das complicações, os portadores do diabetes tipo 2 necessitam adequar os níveis de glicemia, controlar a pressão arterial e o colesterol, reduzir o peso e abandonar o cigarro. Os níveis de glicemia são diretamente proporcionais ao risco de complicações, e como os sintomas nem sempre são significativos, é necessária atenção permanente ao controle metabólico. Reforçamos que a atividade física regular, a alimentação balanceada e a conseqüente redução do peso, continuam sendo as melhores estratégias para a prevenir o estabelecimento da doença e para manutenção da saúde e qualidade de vida daqueles já portadores de diabetes.
Ana Ligia Barros Marques
Endocrinologista
Endocrinologista
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